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Eu encaro o espelho, memórias vêm à tona. 
Eu encaro a garota ridícula que insiste em viver em mim.
Eu encaro a primeira mordida, o primeiro jejum.
Eu encaro a primeira compulsão e o primeiro vômito.
E eu encaro a garota que não existe mais.
Ela me encara de volta. Através do espelho.
Ela perdeu a esperança. Ela sabe que nunca irá retomar seu lugar.
Ela sabe que há algo que não é ela. Ela sabe que uma criança não deveria ter medo da comida.
Ela sabe que uma criança não come escondida. 
O demônio que vive no corpo dela a transformou em algo. Ela não é mais alguém.
Uma garota não deveria pular uma refeição.
Uma garota não deveria pular todas as refeições.
Uma garota não deveria virar uma caixa de laxante em uma noite.
Uma moça não deveria vomitar.
Uma pessoa real não deveria ser assim.
Mas eu não sou uma garota de verdade.